Práticas e questões alimentares nos territórios: os arranjos de ativismo alimentar periférico de coletivos da cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul
- SOPAS UFRGS
- 29 de abr.
- 2 min de leitura
Vitória Giovana Duarte
Marília Luz David (Orientação)
Esta dissertação investiga as formas de ativismo alimentar de coletivos em Porto Alegre/RS, analisando como seus arranjos são constituídos e como suas práticas articulam questões de gênero, raça e classe no campo da alimentação. O estudo acompanha três casos exemplares: Crioula | Curadoria Alimentar, Amada Massa: Clube de Pães e Cozinha Solidária da Azenha (CSA). Para isso, buscou-se: (1) mapear o processo de constituição dos arranjos selecionados; (2) analisar de que maneira tais arranjos de ativismo alimentar problematizam o consumo e as práticas alimentares, em particular questões relacionadas à segurança alimentar e nutricional e ao acesso a uma alimentação adequada e saudável; e (3) investigar as diferentes performances de ativismo alimentar de cada coletivo, atentando para como eles incorporam questões de gênero, raça e classe às discussões sobre alimentação e criam diálogos com Estado e mercado a partir das suas mobilizações. O trabalho de campo foi conduzido entre maio de 2023 e julho de 2024, por meio da análise documental, entrevistas semiestruturadas e observação participante nas atividades de cada coletivo. A análise dos dados foi realizada com o auxílio de codificação, principalmente por meio do software Nvivo. Do ponto de vista teórico, a pesquisa se apoiou em autoras dos Estudos Sociais da Ciência e Tecnologia (ESCT), especialmente das gerações da Teoria Ator-Rede (ANT), e em estudos sobre ativismo alimentar no Brasil. Os resultados indicam que os arranjos construídos por esses coletivos estruturam suas práticas alimentares a partir de uma abordagem que confere centralidade às dinâmicas de estratificação social. Assim, compreendem a alimentação como parte de um conjunto mais amplo de problemáticas que transcendem o alimento em si, incluindo mobilidade urbana, moradia, práticas antirracistas e as desigualdades de gênero na sobrecarga do cuidado. Além disso, mesmo diante de vulnerabilidades e limitações em termos de recursos humanos, financeiros e de infraestrutura, esses coletivos demonstram capacidade de formular soluções criativas e eficazes para enfrentar crises sanitárias, climáticas e de insegurança alimentar e nutricional. Por fim, para evidenciar o protagonismo desses sujeitos na elaboração de mobilizações e destacar à composição dos seus arranjos, proponho denominar o tipo de ativismo exercido por eles de ativismo alimentar periférico.
Dissertação completa aqui.
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