Victoria Fernandes
Ana Beatriz Lopes
O presente artigo propõe uma análise das práticas sociais relacionadas à insegurança alimentar descritas por Carolina Maria de Jesus (2018), considerando-as fundamentais para evidenciar o caráter interseccional da fome na sociedade moderna-colonial capitalista. Na obra, a linguagem expressa uma ordenação do mundo, explorando as relações de dominação, especialmente o racismo, sexismo e a grave insegurança alimentar. A fome é interpretada como uma forma de dominação imposta pelas manifestações dos padrões de poder da colonialidade, representando uma relação histórica de subalternização dos sujeitos. Isso não se limita a uma situação estática, mas é entendido como um agente no contínuo colonial. Conforme apontado por Jesus, a fome é uma forma de escravização (2018), assemelhando-se à escravidão abolida em 1888 e sustentando as bases do capitalismo moderno ocidental. Nesse contexto, adota-se uma abordagem de geopolítica do conhecimento, reconhecendo-o como um espaço de produção dos sujeitos e das sociabilidades. O movimento de Jesus é compreendido como um deslocamento decolonial, manifestando-se através de sua escrita e dos sujeitos da obra.
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