Marília Luz David
Ângela Camana
A produção da soja no Brasil é caracterizada pelo predomínio de um modelo de produção ancorado no latifúndio e altamente dependente de tecnologias e insumos, cuja operação é concentrada por poucas empresas (as chamadas traders). Isto faz com que o setor seja associado a diversos problemas sociais e ambientais, dentre os quais se destacam o desmatamento e a conversão de vegetação nativa, o uso intensivo de agrotóxicos e a precariedade das condições de trabalho ao longo da cadeia;
A ampliação do desmatamento e a crise climática faz com que, desde o início dos anos 2000, passe a haver uma cobrança por parte de organizações da sociedade civil e de mercados internacionais às corporações ligadas ao agronegócio sojicultor para que assumam compromissos ambientais;
Em 2006, foi assinada a Moratória da Soja na Amazônia, que interdita a comercialização de grãos oriundos de áreas desmatadas a partir de 2008. No entanto, atualmente as movimentações rumo a acordos público-privados partilhados e regulados pelo Estado são tímidas. No lugar de um compromisso deste tipo, as empresas têm elaborado programas e certificações próprios, que podemos compreender como “arranjos corporativos de governança ambiental”;
Os arranjos corporativos de governança ambiental em prol da sustentabilidade na cadeia da soja contam com metas e indicadores que as traders definem para si próprias, o que gera uma cacofonia de acordos que nem sempre convergem entre si;
Embora normas e métricas que orientam a produção de informação sobre a origem da soja sejam tratadas como dispositivos técnicos neutros, elas expressam valores particulares sobre o que cada arranjo de governança ambiental entende como “sustentabilidade” e “responsabilidade”;
O caráter voluntário e a multiplicidade de metas ambientais instituídas por cada trader revelam os limites da efetividade global dos arranjos corporativos de governança ambiental na cadeia da soja.
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